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Descoberta pode apontar nova geração de células solares mais eficientes

Estados Unidos – Pesquisadores do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, que integra o Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE, na sigla em inglês), afirmam ter feito uma “descoberta surpreendente”. Eles conseguiram aumentar para mais de 40% as taxas de conversão de energia de um módulo solar. A pesquisa foi publicada no jornal Nature Energy.

Usando um microscópio atômico, os pesquisadores observaram superfícies multifacetadas, como uma pedra preciosa, em células solares feitas com um mineral chamado perovskite. Alguns dos grãos, que tinham cerca de 200 mícrons de largura, possuíam facetas multi-angulares, enquanto outros eram mal formados. Estes mostraram eficiência energética de cerca de 31%, o que supera as taxas de eficiência dos modelos mais sofisticados de hoje, que atingem 22%.

As facetas de alta performance das células solares com perovskite poderiam reservar o segredo para células solares altamente eficientes, “apesar de que mais pesquisa é necessária”, de acordo com cientistas do Molecular Foundry da Berkley Labs e do Joint Center para Artificial Photosynthesis.

“Se o material puder ser sintetizado para que apenas facetas muito eficientes sejam desenvolvidas, então nós poderemos ver um grande salto nas células solares perovskite”, disse Sibel Leblebici, pesquisador do Molecular Foundry em comunicado à imprensa.

Como células orgânicas solares feitas de materiais com base em carbono combinam vários metais, células perovskite são econômicas e fáceis de serem fabricadas, explicam os pesquisadores.

A grande maioria dos módulos solares é feita para telhados e atualmente contam com taxa de conversão de 15% a 17%, a taxa se refere a porcentagem de fótons dos módulos que podem ser transformadas em corrente elétrica.

E mais interessante, acrescentam os pesquisadores, é que a eficiência a cada celular solar perovskite em converter fótons em eletricidade aumentou mais rapidamente do que qualquer outro material até então, começando com 3% em 2009 – quando a pesquisa começou – aos atuais 22%, ou seja a mesma taxa de eficiência das células solares cristalinas baseadas em silício, que são o material que predomina nos dias de hoje.

MJ Shiao, diretor de pesquisa solar na GTM Research explicou que, em grandes sistemas de energia solar, módulos fotovoltaicos compensam mais de 50% dos custos do sistema e ganhos de tecnologia que podem ajudar a reduzir os custos de energia solar.

“Entretanto, é difícil apostar contra tecnologia cristalina de silício nos próximos anos”, diz Shiao. “Enquanto desenvolvimentos no laboratório mostram um potencial de material, o desafio real é direcionar a produção comercial a alto rendimento, baixo custo com um produto confiável que pode coincidir com a vida útil dos ativos de 20 a 30 anos para um sistema solar PV”.

Amit Ronen, director do Solar Institute da George Washington, disse que as células solares de perovskite são uma tecnologia particularmente promissora que poderia um dia gerar muito mais eletricidade por fóton que células solares baseadas em silício.

Porém, vale ressaltar que as novas células têm um longo caminho antes de deixarem o laboratório para competir com uma indústria de centenas de bilhões de dólares da produção a base de silício, um produto que já é, na maioria dos casos, mais econômico do que a geração de combustível fóssil.

Fonte: IDGNOW! – 06.07.2016

Energia Solar no Amazonas e nas favelas

A visão romantizada da Amazônia convida a pensar num lugar idílico em que a pegada humana esteja entre as menores do planeta. Mas a vida na maior reserva natural é dura para o homem, como Daniel Everett narrou em seu clássico Don’t Sleep, There are Snakes (Não durma, há serpentes, sem tradução para o português). Comunidades inteiras vivem completamente desconectadas, e não apenas nas profundezas da selva, mas sim nas movimentadas margens dos rios —únicas vias de comunicação—, num ambiente em que a eletricidade é um bem desejado, escasso e administrado a conta-gotas.

“No Estado do Amazonas há mais de dois milhões de pessoas sem eletricidade de qualidade”, explica Otacílio Soares Brito, membro do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. “A enorme área da floresta torna inviável a criação de uma rede de distribuição, e os povoados só conseguem produzir eletricidade das 6 às 10 da noite, com geradores a gasolina fornecidos pelo Governo. Depois dessa hora acaba tudo: luz, refrigeração e lazer”, relata do município amazônico de Tefé.

 

O Instituto Mamirauá está desenvolvendo um projeto para fornecer eletricidade por meio de painéis solares a dezenas de comunidades amazônicas de pescadores e camponeses, com o objetivo de melhorar suas condições de vida, segundo Soares Brito.

Sol para fabricar gelo

Duas comunidades instalaram placas fotovoltaicas —um sistema flutuante, sobre boias no rio, e o outro no telhado de uma fábrica de gelo— para permitir, um, o envio da água desde o leito do rio até as casas, e o outro, a fabricação de barras de gelo. O fornecimento da água do rio por meio de uma bomba elétrica alimentada por painéis permitiu, entre outras coisas, que as crianças passassem a tomar quantos banhos quiserem sem que seus pais fiquem com medo que um jacaré lhes tire a vida na escuridão das margens.

“Estamos cuidando de melhorar a vida das pessoas, mas também queremos permitir que elas agreguem valor a produtos como polpa de frutas e peixe. Sem gelo, esses produtos dificilmente podem ser comercializados no exterior ou simplesmente conservados”, diz Soares Brito.

Os resultados positivos da fase experimental estão criando consciência nessa imensa região normalmente esquecida pelos centros brasileiros de poder, concentrados no Sudeste e que priorizam as políticas públicas nas regiões densamente povoadas (de eleitores). Um grupo de pescadores da comunidade amazônica de Boa Esperança pediu ao Mamirauá a construção de uma pequena fábrica —prevista para abril— com três congeladores alimentados por painéis solares para poder extrair das frutas a polpa, congelá-la e vendê-la em mercados situados a horas de barco do povoado, como Manaus. Continue Reading